sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

A temperatura em que o papel queima

Fahrenheit 451 é o título de um livro de Ray Bradbury (http://www.raybradbury.com/books/fahrenheit451.html) na linha de 1984 de George Orwell , e inspirou o diretor François Truffaut a rodar um filme homônimo, único filme seu em inglês. E trata-se de o melhor filme de “ficção científica” de todos os tempos (aguardo a primeira pedra!).

A estória se passa em um futuro não muito distante, onde uma sociedade totalitária é controlada pela “Família”. As pessoas que vivem nessa sociedade são educadas a desempenharem certas funções sociais, sem se questionar muito sobre o que estão de fato realizando. O sucesso deste estado de obediência e paz social deve-se, especialmente, ao cuidado com a educação. Nas escolas, as crianças aprendem a não-ler e que livros são para se queimar.

Assim, somos apresentados ao dócil Montag (Oskar Werner), um bombeiro (fireman) que, ao contrário do que o nome de sua profissão possa sugerir, não tem a tarefa de apagar incêndios (uma vez que as casas são todas a prova de fogo, ou ao menos é isso que a “famíla” diz). Os fireman são responsáveis por atear fogo nos livros, e perseguir, prender e executar as pessoas encontradas junto aos livros. Algo como a Gestapo ou a PM.


Tudo vai bem com Montag. Ele queima livros, faz seu trabalho, e se sente feliz e normal. Está prestes a ser promovido a capitão. Sua bela esposa vive tranquila e feliz em seu lar, sempre envolvida em seus programas de TV (aliás, é magnífica a cena do programa de tv interativo. Penso que farão da TV digital algo semelhante). É a paz soberana, a suma felicidade.

Entretanto, Montag começa a se inquietar quando é questionado por uma jovem da resistência se ele alguma vez havia lido um dos milhões de livros que queimou.

–Detalhe da resistência (tão poético!): já que não se pode guardar os livros, seus guerrilheiros devem decorar na íntegra seus livros prediletos. Assim, acabam por se tornar os próprios livros. Vivem em uma comunidade-biblioteca. É sensacional.

Montag então começa a ler. E compreende porque a Família sempre havia alertado sobre a periculosidade dos livros: eles propiciam o pensar por si mesmo. E quando você começa questionar as coisas, deixa de ser feliz. Por que? A sociedade revela-se para Montag como algo horrível.

Ele se dá conta de que é dominado, e que não é um membro da Família, como esta pretendia. Entende que ser um parente desta coisa é algo abominável, e que a felicidade e a paz não são tão felizes e pacíficas como se imaginava. Decide então colaborar com a resistência, e prepara uma estratégia para tentar derrubar a Família e livrar o povo de suas viseiras. No entanto, não vemos no filme o desfecho deste contra-golpe.





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